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Bisbilhotar a vida do outro é inveja?

Quem bisbilhota e se intromete na vida do outro pode dizer querer bem e ajudar o próximo. Muito poucos, porém, estão comprometidos com uma verdadeira relação de amor e compaixão para com seus semelhantes. Na verdade, o intuito subterrâneo é de se ter alguma notícia ou novidade para que a mesma seja julgada por critérios e valores contaminados pela inveja crônica.

E por que é tão difícil deixar de se ter inveja no pior sentido da palavra? Simplesmente porque o que é invejado no outro, via de regra, sempre é a expressão exata da não-realização dos próprios desejos mais profundos.

E a solução? Tomemos como resposta o desafio de conseguir olhar para as profundezas de si mesmo, de desarmar-se a ponto de poder entrar em contato com toda a realidade dos sentimentos ativados na hora em que se quer saber da vida do outro, sendo humilde e maduro o suficiente para se auto-enfrentar e, por fim, ter coragem para se assumir.

E qual seria a finalidade de tudo isso? Para que e por que parar de bisbilhotar a vida do outro? Para que o essencial da alma possa ser libertado de todas as limitações que o aprisionam impedindo a sua evolução. Bisbilhotar e invejar a vida do outro reduz a capacidade de ser criativo, pois a vida, para este tipo de indivíduo, acontece apenas pela janela, limita o ser humano a um sistema robótico que bloqueia tanto sua energia emocional como a vital. Bancar a si próprio e sair para o mundo pela porta da frente, de peito aberto e de cabeça erguida não é tarefa fácil para quem não está acostumado, mas ousar apenas ser não tem preço e liberta. Lembre-se: é você quem escolhe. Sempre.

???? Quanto mais despertos, melhor!

Silvia Malamud

A grande ilusão do tempo na jornada da transformação pessoal

As nossas identidades estão organizadas num espaço temporal que pressupõe a continuidade de um “eu” (mutante por natureza), com uma sucessão imaginária de momentos - que se processam no presente - que o sustentam. A grande questão aqui exposta é a de que o tempo objetivo, como o concebemos, não existe...

O homem da antiguidade, para sobreviver, teve que inventar o mundo, a realidade e a cultura. Desenvolveu então uma ficção, uma construção imaginária que passou a chamar de tempo. Faz tanto tempo que se inventou essa história da linha do tempo que passamos a acreditar que se trata de algo real.

Atualmente existe uma pesquisa antropológica em uma tribo indígena onde a construção de realidade está baseada somente no agora. É altamente difícil e até mesmo inconcebível, para nós, compreender esse tipo de funcionamento da consciência.

Em nosso universo cultural, a sanidade é vista como uma construção coletiva de realidade compartilhada. Podemos observar o cinema, as revistas e a TV cumprindo a função de organizar protótipos históricos de projetos vitais que seriam vistos como os valores e as carreiras que o sistema social aceita e indica. O “script” transmitido pelos pais também pode ser visto como a primeira trama histórica a ser vivida.

Na jornada da ampliação da consciência, a pessoa deve procurar se transformar ao mesmo tempo em que preserva a sua identidade. Deve sempre primar por ter o sentido de reconhecimento de si mesma, fazendo leitura de suas sensações e sentimentos com relação ao novo, associando-se ao que apreende e ao que recorda de si mesma em sua história de vida. Enfim, transformando-se em outra, integrando todos os “eus” que vivenciou rumo ao “eu” que almeja ser.

A nossa consciência é pontual, ou seja, somos um “eu” mutante que se apropria de si mesmo de instante a instante. A continuidade da consciência ocorre como resultado de uma construção imaginária temporal que está inserida na cultura e na história.

Falamos com bastante ênfase neste aspecto da trama do tempo porque os buscadores dificilmente raciocinam sobre este aspecto da existência, mas se a busca for séria e comprometida, é certo que num dado momento acontecerá a tomada de consciência da inexistência do tempo como qualidade objetiva.

O desarmamento desta construção cultural pode trazer a vivência de um vácuo quase que insuportável. Nesse ponto de desconstrução dessa trama, muitas vezes o buscador pode ter uma enorme surpresa ao se deparar com um imenso vazio... Um momento verdadeiro e passível de ocorrer quando constatamos que o tempo é uma mera construção cultural no processo da vida, e que este contexto apenas nos dá a ilusão de um filme em movimento.

No encontro com o vazio pode-se encontrar a potência da criação das realidades dinamizadas por um “eu” saudável. Na desconstrução da trama da realidade temporal podemos encontrar a liberdade de uma ação altamente criativa e totalmente lúcida, onde a cultura e a história são utilizadas apenas como ferramentas para nos expandirmos na existência. Essa é a possibilidade de se sair do esquema robotizado e finalmente se alcançar o começo de tudo, o SER.

Portanto, se em algum momento, em sua jornada de ampliação da consciência, você tiver a experiência da desconstrução dessa trama, não se desespere, aja.

A percepção define o presente, que é só espaço, e por outro lado a memória (o estoque de informações) define o passado... e você está no aqui! Aproveite tudo isso no topo de suas possibilidades! Algumas possibilidades experenciadas na desconstrução do tempo: o tempo expandido; a percepção de viver uma eternidade num instante (samadi); a exaltação de um triunfo esperado; o orgasmo; um êxtase do sagrado. Se você estiver lúcido, terá o prazer de se perceber fora do tempo combinado na atual trama cultural.

???? Quanto mais despertos, melhor!
Silvia Malamud

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