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Lavagem cerebral em relacionamentos abusivos

Ao longo da vida, a maioria de nós, passivamente e sem questionamento algum, sequer desconfia que o modo como sentimos ou pensamos possa ter sido totalmente alterado por outros sistemas de valores e de crenças muito diferentes do que poderíamos ser.

Mais do que se imagina, inúmeras pessoas são submetidas a potentes forças de persuasão e coerção, nem sempre as identificando como tais, e correndo o risco de esquecerem-se de quem são e de quem um dia foram.

A lavagem cerebral faz uma espécie de doutrinação cega no pensamento e no modo de ser das pessoas, reeducando-as para que funcionem de acordo com o que se espera que sejam. Para que este intento se realize com sucesso, métodos agressivos como persuasão, imposição autoritária, inserção de culpas, cansaço e outros da mesma ordem costumam servir como regras básicas.

Com os avanços das condutas de tortura mental, automaticamente essas pessoas vão sendo inseridas em situações de clausura, posto que com o tempo, não mais conseguem viver a própria vida distantes dos abusos. Permanecem numa espécie de torpor psicológico que as impedem de ver com clareza onde e como estão. Acabam se convencendo de que não vão dar conta de terem vida própria, com pensamentos livres e independentes, sendo induzidas a pensarem que não são capazes de se auto-gerenciarem.

A cura emocional acontece a partir do momento que se reconhece tais cenários, da desconstrução das falas verdades impostas e do resgate de si mesmo. Abuso emocional? Não!

????Quanto mais despertos, melhor!
Silvia Malamud

Gaslight: uma forma de abuso psicológico

O gaslighting é uma forma de abuso psicológico no qual as informações são distorcidas, seletivamente omitidas ou simplesmente inventadas com a intenção de fazer a vítima duvidar da sua própria memória, percepção e sanidade.

É uma forma de manipulação e violência psicológica difícil de detectar e que coloca as vítimas em risco, principalmente quando estas demoram tempo demais até terem clareza do que está ocorrendo em suas vidas.

Quando mais cedo a vítima souber sobre a pessoa com quem está se envolvendo, mais garantida ficará a sua proteção em todas as áreas da vida.

No início de uma nova possibilidade afetiva, manter um certo distanciamento, atentando-se para não fazer nenhuma observação cega contaminada pelas próprias paixões e desejos, pode. Literalmente, valer a vida.

Observar com um certo distanciamento tudo o que outro contar sobre sua própria história, em especial se este fala muito mal de suas ex-parceiras e se coloca como vítima da má sorte, são fatores importantes de se ponderar.

Se acaso existir algo no ar que traga um certo desconforto e clima de insegurança, a melhor dica é não entrar de cabeça na relação.

Em relacionamentos abusivos, passado o momento de sedução onde tudo é maravilhoso, começa a fase da desqualificação massiva.

As vítimas costumam ter dificuldade de perceber o que está acontecendo porque tais situações desconfortáveis surgem quando menos se espera e, gradativamente, vão se sentindo mais angustiadas, confusas e culpadas.

Ter clareza do que está acontecendo e romper com os abusos sofridos não é tarefa fácil. Para sair de um ciclo tóxico de modo triunfante, a sugestão inicial é a escuta do alerta interno que os mecanismos de sobrevivência sempre insistem em avisar.

Ao sentir que algo de errado está acontecendo em sua vida, jamais banalize tais avisos. Atitudes de fortalecimento por meio de leituras, conversa com amigos e ajuda terapêutica competente sempre serão benéficas.

Conforme as evidências vão tomando corpo, existe a total possibilidade de sair desse tipo de relação de modo convicto. Manipulações perversas são de difícil detecção, mas não de impossível captura. O auto resgate e as forças pessoais se ampliam quanto mais lucidez e atitudes em nome da vida ocorrerem.

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Silvia Malamud

Um dos modos mais sutis e de difícil detecção de abuso emocional e controle acontece quando o outro coloca pressão em tudo.

Um dos modos mais sutis e de difícil detecção de abuso emocional e controle do outro acontece quando a parceria afetiva ou parental coloca pressão em tudo. Nesse clima nocivo, qualquer fala ou atitude diferente das expectativas poderá gerar na vítima situações insuportavelmente mais tensas, que receberá palavras tão carregadas que em algum momento culminarão num grave mal-estar interior.

Tanta pressão dentro de si pode acabar resultando em uma explosão ou se esvair em profunda angústia, tristeza e apatia, além do risco de carregar uma culpa indevida.

Se a vítima não estiver desperta nesta trama onde, ao tentar fazer a “coisa certa”, infindáveis vezes passa por cima de si mesma, pode acabar por criar um complexo prognóstico de adoecimento físico e mental. Quem passa isso sabe muito bem como funciona. É tão sutil, triste e assustador que parece ser melhor negar tudo fazendo o jogo do “contente”, como se não estivesse sendo afetado, do que enfrentar a situação abusiva.

Quem aceita e compactua com este jogo tem medo de romper com a frágil fronteira de "pseudo paz", desequilibrando o parceiro a ponto de que a tensão constantemente vivida fique visível demais na relação. O problema é que quanto mais um cede, mais o outro ganha espaço e poder, instalando um arsenal de censores restritivos e de acuamento, tornando a parceria afetiva e familiar num verdadeiro inferno. Se a vítima continuar preferindo a "pseudo paz", ficará cada vez mais restrita em suas expressões de vida.

???? Quanto mais despertos, melhor!
Silvia Malamud

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