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A era do narcisismo

Com o imediatismo da atualidade somado ao clima competitivo e à enorme dificuldade de alcançarem status financeiro e visibilidade, os jovens de hoje tornaram-se impacientes. Sequer se dão tempo suficiente para que minimamente alcancem uma estrutura interior de conhecimento, bem como para criarem as suas próprias histórias com alguma base. A maioria não dá a devida importância às etapas de desenvolvimento, não honrando a herança de conhecimento de quem veio antes. Como marca dessa nova geração, a arrogância narcísica é o que tem imperado. A grande dificuldade de receberem qualquer tipo de percepção de quem já fez e construiu é o impeditivo para que eles próprios se sintam em paz e seguros no que fazem. Não há tempo para uma reflexão e ficam ofendidos com qualquer olhar que os denunciem em seus movimentos muitas vezes ainda rasos. Reativos e enfurecidos, partem para o ataque num movimento desrespeitoso. São jovens ditadores que se encontram ilhados num território de fundo falso, onde existe um receio de não serem bons o suficiente e a negação deste sentimento. Medos fazem parte da vida e jamais deveriam ser colocados à parte. Saber ouvir e poder agregar é para aqueles que ousam ser humanos. Na contramão, jovens narcisistas facilmente se ofendem e julgam, presos nas armadilhas de seus frágeis egos. Aqueles que conseguem entrar em contato com a diversidade e fazer reflexões sem se sentirem criticados, julgados ou ressentidos saem ganhando. Já são vencedores e certamente terão muito mais chance de conquistar o que desejarem.

????Quanto mais despertos, melhor!

Silvia Malamud

Você acredita em amor ideal? Amar não é e nem precisa ser igual para todos.

Muitos acreditam cegamente no amor romântico e idealizado e, nessa busca desenfreada, acabam por entrar em relacionamentos abusivos.

O amor idealizado nunca de fato chega a existir no mundo da matéria. Embora a maioria insista em acreditar que sim, as evidências da vida mostram que a nossa felicidade nunca poderá estar nãos mãos de ninguém. Ao longo da história, podemos observar diversas variações sobre o que pode significar o amor e os laços afetivos. O amor ideal, portanto, é uma invenção e uma convenção social que pode ser questionada e reinventada de acordo com a individualidade de cada um.

Amar não é e nem precisa ser igual para todos, assim como ter um relacionamento afetivo não é exemplo de felicidade. Ninguém garante isso e o que mais recebo em meu consultório são pessoas vítimas de abusadores que, apesar de todo o mal-estar sofrido, ainda acreditaram que relacionamentos terríveis dessa ordem poderiam magicamente se transformar em relacionamentos ideais - um grande engano que adoece quem antes não era adoecido.

As nossas questões emocionais e existenciais não se resolvem com o uso de "muletas" externas. A viagem da transformação interior sempre começa dentro e não fora. A vacina e o antídoto mais eficientes contra o auto-engano e o abuso emocional estão no conhecimento sobre o tema, no autoconhecimento, e quando necessário, em uma boa terapia.

????Quanto mais despertos, melhor!
Silvia Malamud

Sistemas abusivos nos levam ao esquecimento profundo de quem somos.

Ao longo da vida, a maioria de nós, passivamente e sem questionamento algum, sequer desconfia que o modo como sentimos ou pensamos pode ter sido totalmente alterado por outros sistemas de valores e crenças muito diferentes do que poderíamos ser. Mais do que se imagina, inúmeras pessoas são submetidas a potentes forças de persuasão e coerção, nem sempre as identificando como tais, correndo o risco de se esquecerem por completo e de viverem como autômatas.

A lavagem cerebral faz uma espécie de doutrinação cega no pensamento e no modo de ser das pessoas, reeducando-as para que funcionem de acordo com o que se espera que sejam. Para tal, métodos agressivos de persuasão, imposição autoritária, inserção de culpas, assédio moral, inversão de verdades, gaslighting e outros da mesma ordem costumam ser aplicados.

Em relacionamentos com abusadores e narcisistas perversos, os métodos não são nada distantes disso. Eles usam da agressividade com a finalidade de persuadirem as vítimas a silenciarem suas defesas, vencendo-as pelo cansaço, até que consigam sua dependência emocional.

Com isso, as vítimas vão sendo inseridas em situações de clausura, posto que com o tempo, não mais conseguem viver a própria vida distantes dos abusos. Permanecem numa espécie de torpor psicológico que as impedem de ver com clareza onde e como estão. Acabam se convencendo de que não vão dar conta de terem vida própria, com pensamentos livres e independentes. Mesmo quando sabem que sofreram abusos, muitas passam a acreditar que não serão capazes de seguir adiante com a própria vida sem estarem atadas aos seus algozes. Parece história de ficção, mas infelizmente não é.

????Quanto mais despertos, melhor!

Silvia Malamud

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